sexta-feira, 8 de maio de 2009
08.05.09
Eram quase 14:00 horas. O semáforo estava vermelho, espera e impaciência e palavrões. Dentro do enorme ônibus verde da linha 0.44 haviam poucas pessoas, cada uma com sua devida importância. Do último banco do mesmo, na fila única que dá em frente ao corredor e ao enorme vidro de visão do motorista estava ela. Chocada, imóvel e com olhos tão arregalados que pareciam querer saltar de seu rosto pálido. Ela observada pasma e refletia incrédula. Do corredor sujo de marcas, manchas de pegadas de trabalhadores atrasados e sem objetivos na vida. Do homem gordo de camisa laranja, à sua direita. Ele realmente precisava de um banho. O cheiro lhe incomodava. Da sua direita, o trabalhador de uniforme azul. Alienado. Da senhora de idade com um lenço rosa na cabeça. Dos dois homens sentados no banco mais elevado. Eles não paravam de mexer nos cabelos. Do primeiro banco, o brasileiro. Camisa da seleção comprada numa feira qualquer. De um pouco mais a frente, os dois alunos de uniformes brancos. Uma menina e um menino. Mesma menina que tinha segurado sua mochila na ida ao colégio, de manhã bem cedo. Agora já era hora de voltar. Estava com fome, apesar de seus olhos não revelarem expressão alguma. De repente, o barulho do motor do ônibus sumira. O sinal havia ficado verde. E por um momento, não importa qual fosse o narrador, teriam pensado que ela previra tudo. Absoluta. Ouviu-se um barulho. Não se ouvia mais nada. Pela expressão era fácil perceber que as pessoas ao redor gritavam, choravam.. elas estavam desesperadas. Vidros voaram em sua direção. Tudo fez sentido. Uma moto antiga e velha tinha se chocado com a parte frontal do ônibus e atravessado vidro adentro em sua direção. Ela abaixou a cabeça e antes de fechar os seus olhos pôde ver o sangue ao redor de seus pés. Desculpe mãe, ela pensou, vou me atrasar pro almoço.
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