domingo, 2 de janeiro de 2011

cinza claro, cinza escuro

o meu coração,
coitado,
esqueceu de bater
e tá meio acinzentado.
esses dias vão passando
e não significam nada
mais do que números
mudando e me dizendo
que todas as minhas
chances de ser feliz
nesse ano, no ano
passado, ou até mesmo
em qualquer outro ano,
acabaram.
são números que me
dizem que eu devo
mudar, recomeçar,
seguir em frente.
mas os passos do
futuro não são
exatamente iguais
aos passos do passado?
eu me sinto assim
e já nem sei o porquê.
era falta de alguém,
mas de quem?
era falta de algo,
mas do quê?
é uma incompletude
sem resposta, é um sujeito
indeterminado na solidão.
é um disco arranhado
sempre tocando a mesma
canção.
e de novo o refrão.
e de novo o refrão.
e ele nunca para,
as minhas lágrimas também não.
eu já não sei ser quem eu sou,
mas não quero ser isso,
mas também não sei ser de
outro jeito, e também não
sei não ser. então sou,
sem querer ser o que sou,
sendo algo mesmo assim.
confusão, essa é a essência.
e vou seguindo, vivendo nessa
realidade que me acinzenta
e tentando terminar
outro poema.

2 comentários:

Guilherme Damasceno disse...

Que termine até o final do ano. :)

Brenda Matos disse...

Botou pra fora todo o sentimento - seu e meu.
Seu texto foi quase um espelho do interior, lô. Se é que não chegou a ser.

Beijaço, linda. :3