quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Descoberta

A Academia estava exaltada, era a noite da premiação mais importante do ano. Milhares de cientistas e pesquisadores do mundo inteiro estavam ali reunidos e tomados de ansiedade devido ao boato espalhado de que dois cientistas misteriosos haviam feito a descoberta do século e encontrado a resposta dos nossos mais profundos questionamentos acerca da existência humana. Os cientistas discursaram sobre antropocentrismo, também conhecido como essa tal necessidade humana de se sentir mais especial que o resto, seja como imagem e semelhança de Deus ou ser produtor de cultura. Eles então revelaram que, após anos e anos de pesquisas, experimentos, e o trabalho ininterrupto da maior e mais competente equipe de cientistas já reunidos, finalmente haviam encontrado o que diferenciava o homem dos outros animais. Racionalidade? Polegares opositores? Linguagem? Nada disso, os resultados apontavam para uma singela e única diferença: apenas os seres humanos eram capazes de pensar em acontecimentos trágicos e ficarem profundamente emocionados com coisas que nunca aconteceram na realidade enquanto tomavam banho no chuveiro. A notícia se espalhou pra fora da academia, e logo todos os jornais do mundo estampavam em suas capas a perplexidade dessa constatação. Então, na medida em que todos perceberam que isso realmente acontecia e que não era assim uma grande coisa, a humanidade acessou um estado de retorno às suas origens e foi assim que todos voltaram a se comportar como macacos.

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